Rosamaria Calaes de Andrade
1. INTRODUÇÃO: - conceitos e reflexões preliminares
A Interdisciplinaridade refere-se a uma nova concepção de ensino e de currículo, baseada na interdependência entre os diversos ramos do conhecimento.
Paradigma (modelo, padrão) é um conceito atualmente usado para designar a forma de estruturação e funcionamento do cérebro humano. Neste sentido, paradigma é uma estrutura-modelo, um modo de pensar.
Nossa perspectiva é de que o atual currículo escolar deve sofrer algumas alterações, passando do modelo multidisciplinar para o interdisciplinar.
A fundamentação de nossa proposta é claramente construtivista, que faz uma síntese dos dois modelos anteriores, é o mais adequado ao momento atual.
Segundo o construtivismo, o ser humano nasce com potencial para aprender. Mas este potencial - esta capacidade - só se desenvolverá na interação com o mundo, na experimentação com o objeto de conhecimento, na reflexão sobre a ação.
INTER/DISCIPLINAR/IDADE deriva da palavra primitiva DISCIPLINAR (que diz respeito à disciplina), por prefixação (INTER-ação recíproca, comum) e sufixação (DADE - qualidade, estado ou resultado da ação).
Disciplina refere-se à ordem conveniente a um funcionamento regular. Originariamente significa submissão ou subordinação a um regulamento superior. Significa também “MATÉRIA (campo de conhecimento determinado que se destaca para fins de estudo) tratada didaticamente, com ênfase na aquisição de conhecimentos e no desenvolvimento de habilidades intelectuais.”
De posse destes conceitos básicos, vamos analisar os diversos tipos de composição curricular:
• MULTIDISCIPLINAR - modelo fragmentado em que há justaposição de disciplinas diversas, sem relação aparente entre si;
• PLURIDISCIPLINAR - quando se justapõem disciplinas mais ou menos vizinhas nos domínios do conhecimento, formando-se áreas de estudo com conteúdos afins ou coordenação de área, com menor fragmentação;
• TRANSDISCIPLINAR - quando há coordenação de todas as disciplinas num sistema lógico de conhecimentos, com livre trânsito de um campo de saber para outro.
• INTERDISCIPLINAR - com nova concepção de divisão do saber, frisando a interdependência, a interação, a comunicação existentes entre as disciplinas e buscando a integração do conhecimento num todo harmônico e significativo;
Na medida em que garantimos a integração dos conteúdos, estamos garantindo também sua significação para os alunos. Consequentemente, crescerá o interesse dos alunos pela escola, que, cada dia mais, perde espaço para a mídia e para todos os atrativos tecnológicos e eletrônicos dos meios de comunicação, computação e diversão, por esta razão de forma interdisciplinar se faz necessário aliar-se a eles ( atrativos tecnológicos).
Um grande problema da transformação curricular é que a escola é hoje uma das instituições sociais mais resistentes à mudança. Talvez, em parte, isto se deva ao fato de serem os professores os únicos profissionais que “nunca saem da escola”. Nela eles se formam, como os demais profissionais, e nela eles permanecem atuando, repetindo o mesmo modelo de seus antigos professores, enquanto os demais profissionais deixam a escola para atuar em outros locais de trabalho.
O novo modelo curricular, de base interdisciplinar, exige uma nova visão de escola, criativa, ousada e com uma nova concepção de divisão do saber. Pois a especificidade de cada conteúdo precisa ser garantida, paralelamente a sua integração num todo harmonioso e significativo.
Num currículo multidisciplinar os alunos recebem informações incompletas e têm uma visão fragmentada e deformada do mundo. Num currículo interdisciplinar as informações, as percepções e os conceitos compõem uma totalidade de significação completa e o mundo já não é visto como um quebra - cabeça desmontado.
A nossa dificuldade em admitir a possibilidade de um modelo curricular diferente prende-se à questão dos paradigmas (modelos de estruturas mentais), que nos imobilizam, condicionando nossa maneira de ver as coisas. Tanto é assim, que as grandes mudanças costumam acontecer a partir de pessoas que atuam em outra área de conhecimento, estando, portanto, de fora do paradigma em questão.
Se quisermos avançar para um currículo interdisciplinar, temos que começar a pensar interdisciplinarmente, isto é, ver o todo, não pela simples somatória das partes que o compõem, mas pela percepção de que tudo sempre está em tudo, tudo repercute em tudo, permitindo que o pensamento ocorra com base no diálogo entre as diversas áreas do saber. É este estabelecimento de relações que nos possibilitará analisar, entender e explicar os acontecimentos, fatos e fenômenos passados e presentes, para que possamos projetar, prever e simular o futuro.
BIBLIOGRAFIA
CANIATO, Rodolfo. Com ciência na educação. S.P.: Papirus, 1989.
FAZENDA, Ivani C. A. (org.) Práticas interdisciplinares na escola S.P.: Cortez, 1991. JOLIBERT, Josette. Formando crianças leitoras. P. Alegre: Artes Médicas. 1994.
TOFFLER, Alvim. O choque do futuro. S.P.: Record, 1970.
Fonte: http://www.suigeneris.pro.br/edvariedade_interdisciplin1.htm - Acessado em 11/06/05.